sábado, 23 de fevereiro de 2008

Basta de Marcas!

Gilberto Strunck, sócio-diretor da DIA Comunicação de Marketing (www.diacm.com.br) apresenta neste artigo um roteiro básico de como criar identidades visuais para marcas de sucesso. Gilberto é professor e autor de diversos livros no campo do design.

Cansei!

Chega desta vida onde as marcas dominam o meu dia-a-dia.

Onde sou julgado pelas marcas que visto, pelas que me transportam ou viajo.

Pelas de onde me hospedo. Pelas que como, bebo e me higiênizo. Pelas que uso para escrever, telefonar, micrar. Por aquelas dos lugares que freqüento para trabalhar ou me divertir.

Chega desse pré-julgamento que faço dos outros, e de como sou visto pelos outros, em função dos símbolos que exponho de mim.

Chega disso! Quero viver numa sociedade onde eu seja apenas o que sou, sem dar nenhuma “pista” sobre os meus valores. Onde para ser conhecido, tenha que ser “descoberto”, “experimentado”.

Utopia Improvável

Mas isto seria possível?

Num mundo onde a única certeza que temos é a que amanhã tudo vai ser diferente?

No qual a quantidade de conhecimento disponível cresce exponencialmente, propiciando o lançamento diário de novos produtos e serviços, que nos encantam e aumentam a qualidade de nossas vidas?

Como fazer negócios numa sociedade sem marcas?

Onde nossa percepção de tempo é cada vez mais acelerada, cujo ritmo de vida deixaria nossos avós sem fôlego? Onde a briga não é mais entre grandes e pequenos, mas sim entre lerdos e rápidos, aqueles que sabem identificar tendências e mudam continuamente para se perpetuar no mercado.

Num cenário como esse, feroz e muito competitivo, de grandes investimentos e de alta mortalidade de empresas, as marcas servem como aceleradoras dos processos de conhecimento e decisão. Em nossa economia não existem marcas só com uma função um valor de uso. Todas têm também uma representação, que nos é transmitida pela experiência de seu consumo, por suas ações de comunicação, pela indicação de amigos. Vivências que imersas em nossos inconscientes, irão ser lembradas sempre que virmos os signos que as representam.

Como criar identidades visuais para marcas de sucesso
O principal desafio de quem cria identidades visuais é sintetizar, em poucos elementos, a personalidade da marca, expressar graficamente seus valores.

E isso, num desenho original, legível, pregnante e com possibilidades de aplicação de idéias em várias mídias.

Enfim, com trabalho para profissionais.

Para facilitar o entendimento deste processo, vão aqui cinco pontos capitais para que o sucesso seja alcançado.

1. Posse da Marca

A marca é um nome. Antes de se iniciar um projeto de identidade visual, é capital assegurar sua propriedade. A marca deve ser registrada em uma ou mais das 43 classes relacionadas, tipo de negócios no qual será usada, junto ao INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial. É bom também garantir a posse do seu domínio, para a construção do seu site, junto a FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

2. Posicionamento

É a síntese da personalidade da marca. Sem um posicionamento bem definido, a marca é uma mercadoria. E mercadorias são escolhidas somente com base em seus preços. O posicionamento deve expressar os diferenciais, atributos e benefícios, enfim, a “alma” da marca, que deverá ser representada visualmente.

3. Público-alvo

As pessoas visadas como as principais consumidoras da marca. Aqui vale à pena ressaltar que: identificá-las como pertencentes às classes A2 ou C, não é suficiente para que seus valores sejam entendidos. O ideal é ser ter um perfil comportamental. Sexo, idade, escolaridade, onde moram, como se transportam, o que fazem como lazer, onde se vestem, seus programas de TV. Estes dados são muito mais fáceis de serem interpretados para serem representados.

4. Concorrência

Quais os principais concorrentes hoje e quais os prováveis concorrentes de amanhã, quando a marca se desenvolve e passa a competir em novos patamares?

O mesmo deve ser investigado do ponto de vista geográfico. Será uma marca regional, nacional ou internacional? Estas questões delimitam o tamanho da pesquisa iconográfia que deverá ser realizada para que não sejam desenvolvidas soluções que se assemelham a identidades já existentes.

5. “Parentescos”

É muito comum que novas marcas sejam criadas como extensões de outras. Uma nova empresa fará parte de um grupo existente e isto deverá ficar explícito no projeto. Extensões, verticais ou horizontais, de linhas de produtos e serviços que já estão no mercado. São casos em que a nova marca pega uma “carona” nas outras, diminuindo os investimentos para torná-las conhecidas e atraindo para si os valores já relacionados às originais.

Nestes casos, o desafio é estabelecer a dosagem exata entre similaridade e particularidade, de forma que a nova identidade seja entendida com o grau de “parentesco” que se deseja transmitir.

Invista.... e ganhe

Na maior parte dos casos, os donos das empresas gastam milhões na sua montagem.

Instalações, móveis, equipamentos, sistemas, processos etc. e, na hora de criar sua identidade visual ou a de seus produtos e serviços, ainda insistem em “comprar” preço e não talento e experiência, esquecendo questões fundamentais, como:

No Brasil, menos de 5% das empresas fazem qualquer tipo de publicidade. Assim, sua marca exposta nas embalagens, folhetos, fachadas, uniformes, viaturas..., será a sua única ação de comunicação. O principal sinalizador de tudo que representa.

As vendas por auto-serviço são uma tendência irreversível, em praticamente todos os tipos de negócio. Mais uma vez, a exposição da marca em uma embalagem, catálogo ou display, será fundamental para atrair o consumidor em meio às concorrentes, direcionar sua escolha e levá-lo a compor o que é oferecido.

Finalizando, a identidade visual é a “bandeira” dos processos de branding.

O sinalizador que irá resgatar nos consumidores suas experiências sobre as marcas, levando-os às ações pretendidas.

fonte: Supernovastudio
WWF-Brasil. Cuidando do ambiente onde o bicho vive. O bicho-homem.